quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vamos Nessa

Filme de Doug Liman celebra estilo de Tarantino com trama energética e jovem
Por: Rodrigo Carreiro

A crítica se apressou em apontar “Vamos Nessa” (Go, EUA, 1999), na época do lançamento nos cinema, como produto de um legítimo seguidor de Quentin Tarantino, ressaltando supostas características que o aproximavam de “Pulp Fiction”. Duplo erro. Para começar, o filme de Tarantino cuja estrutura narrativa exibe semelhanças com “Vamos Nessa” é “Jackie Brown”, cuja parte final traz uma mesma ação vista de três diferentes pontos de vista. Em segundo lugar, “Vamos Nessa” mira em um público bem diferente, mais jovem e mais baladeiro.
Quem está acostumado a passar a noite inteiro na farra vai experimentar uma identificação quase imediata com “Vamos Nessa”, possivelmente já a partir da criativa seqüência de abertura (cenas de uma rave, que brinca com o tempo da batida da música hipnótica e transporta-o para o ritmo de edição, criando uma interessante simetria). A abertura dá o tom do filme, que narra um dia e uma noite de um grupo de personagens visto sob três diferentes perspectivas, assim como no filme de Tarantino.
A primeira história enfoca Ronna (
Sarah Polley). A loira caixa de supermercado está endividada e precisa arrumar grana para pagar o aluguel. Por isso, aceita cobrir o horário noturno do amigo Simon (Desmond Askew). O que ela não sabe é que Simon trafica pequenas quantidade de ecstasy, o que vai lhe render mais adiante uma bela oportunidade de faturar alto (e, ao mesmo tempo, uma belíssima dor de cabeça). A história se desenvolve até o fim da madrugada e, então, retorna ao ponto de partida.
Aí começa a segunda narrativa, que mostra os mesmos acontecimentos vistos por Simon. O sujeito deseja ter a noite de folga para viajar de carro, com mais três amigos, e cair na farra nos cassinos de Lãs Vegas. Simon, no entanto, é um autêntico trapalhão, e acaba se metendo em uma seqüência inacreditavelmente cômica de confusões. Essa é, das três, a história mais engraçada, embora seja também a mais fraca.
A terceira história foge um pouco do esquadro estabelecido nas anteriores e apresenta dois novos personagens, Adam (Scott Wolf) e Zack (Jay Mohr). Eles podem ser vistos de relance na história de Ronna, mas somente aqui passamos a conhecê-los. Atores de um seriado vagabundo de TV, os dois estão sendo coagidos por policiais a dedurar o traficante local que lhe fornece drogas regularmente – trata-se de Simon. O fato de uma loira desconhecida está no lugar dele, no caixa do mercado, não parece ser exatamente um problema.
As três histórias correm em paralelo, mas se encontram em algum ponto entre o final da madrugada e o início da manhã. Curto, cheio de pérolas pop aceleradas na trilha sonora (preste atenção na ótima seqüência de “Macarena” dentro do supermercado) e boas sacadas do roteirista John August, “Vamos Nessa” é uma comédia com índice alto de adrenalina, que não deseja mais do que divertir a platéia, e o faz de maneira original e inteligente. É o típico filme de baixo orçamento que justifica cada centavo investido com energia, boa atuações do elenco e ótimas piadas. O destaque fica para a ótima cena que durante o estranho jantar de Adam e Zack na casa de um policial que parece interessado demais na dupla. Para rir até rachar o bico.

http://www.cinereporter.com.br/dvd/vamos-nessa/

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