quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rashomon


Japão, século XII - Três homens - um sacerdote, um lenhador e um servo - se abrigam da chuva torrencial sob o pórtico de um templo em ruínas. Enquanto se acham refugiados, o sacerdote e o lenhador discutem o julgamento de um notório bandido por estupro e assassinato. Segundo eles, os envolvidos no caso, o samurai assassinado, sua mulher estuprada e o criminoso apresentam versões completamente incompatíveis do ocorrido.
Através de flashbacks são evocados os quatro depoimentos, o do bandido, o da mulher, o do marido morto (por meio de um médium) e o do lenhador que presenciara o fato, prestados diante de um tribunal que jamais é visto. As quatro versões são diferentes umas das outras, e a verdade não vem à tona.
Ao findar o relato, o sacerdote sente sua fé abalada por acontecimentos tão cruéis e pela acumulação de tantas mentiras, e vê com aflição um gesto do servo que se apodera dos agasalhos de uma criança abandonada. Somente o remorso do lenhador - por ter cometido um furto no momento do crime - e sua decisão de adotar a criança, salvam o sacerdote do desespero total, e fazem com que se reconcilie com a humanidade.

"Rashomon" é um dos grandes marcos do cinema japonês. Realizado por Akira Kurosawa, que também participou da elaboração do roteiro, o filme é um brilhante exercício de filosofia no que concerne à natureza da verdade, como também um intenso estudo do caráter humano. É um filme incrível, onde ninguém é o que parece ser.
O roteiro é fantástico ao mostrar um mesmo evento sob diferentes perspectivas. Kurosawa nos oferece uma magistral direção, à qual se somam uma excelente fotografia em preto-e-branco e um elenco de atores que nos brindam com ótimas interpretações, com destaque para Toshirô Mifune, cuja atuação permanece inesquecível.

http://www.65anosdecinema.pro.br/Rashomon.htm

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