
Refilmagem de clássico da ficção científica tem visual gótico impressionante, mas roteiro fraco
Por: Rodrigo Carreiro
O lançamento do novo “Planeta dos Macacos” (Planet of the Apes, EUA, 2001) deveria servir de lição aos estúdios e distribuidoras do mundo inteiro, pelo menos no aspecto da organização. Apesar do cronograma apertado, os prazos foram todos cumpridos à risca pelo diretor Tim Burton: o filme foi finalizado apenas uma semana antes do lançamento, em agosto último, e somente três meses se passaram antes que um pacote duplo em DVD chegasse às locadoras.
Já os méritos artísticos do filme em si são bastante discutíveis. Embora seja uma aventura agradável de visual bacana, o senso comum já o elegeu como obra mais fraca da carreira do diretor. O final do filme, incompreensível para muitos, é motivo principal de toda a polêmica em torno da refilmagem. Houve quem esperasse pelo DVD apenas para conferir o comentário em áudio de Tim Burton, para que o próprio diretor pudesse esclarecer a dúvida.
Para essa turma, o luxuoso disco duplo da Fox é uma decepção: o cineasta enrola durante quase dez minutos para dizer que o único propósito do enigmático final não teve absolutamente nada a ver com criatividade ou inspiração. O motivo foi mesmo financeiro – Burton quis deixar uma porta aberta para que o estúdio realizasse uma continuação, se assim o desejasse. Ele aproveita, no comentário, para descartar a idéia de dirigir um segundo filme. O pior é que esse comentário não tem legendas em português.
Portanto, o lançamento é altamente recomendado, mas apenas para fãs da refilmagem do clássico de 1968. A história conta a saga do astronauta Leo Davidson (Mark Whalberg, numa interpretação desinteressada), que, ao tentar recuperar um macaco lançado no espaço durante uma tempestade elétrica, num futuro próximo, acaba caindo num planeta aterrorizante, dominado por gorilas e chimpanzés falantes, onde os humanos são escravos.
O visual extravagante estilo “pré-história gótica” e a maquiagem impressionante e assustadora dos macacos são o ponto alto do filme. Já a atuação de Whalberg e as soluções narrativas que se afastam do impacto gerado pelo filme original parecem fracas e pouco inspiradas. O destaque vai para a interpretação fascinante de Tim Roth, na pele do general Thade, um chimpanzé violento. De resto, a aventura não apresenta o subtexto inteligente e nem o final impactante da obra original. Mesmo assim, é diversão garantida.
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