
Já faz alguns anos que o cinema sul-coreano tem mostrado seu vigor, em filmes fortes e diferenciados como “Old Boy”, “Lady Vingança” e “O Hospedeiro”, só para citar três exemplos. Agora, novamente o país confirma a sua força narrativa cinematográfica com “O Caçador”, longa de estreia de Na Hong-jin, desde já mais um nome promissor vindo da Coreia do Sul.A trama é centralizada em Joong-ho, cafetão decadente que administra seu negócio à beira da falência. Sua situação piora ainda mais com o desaparecimento de duas prostitutas que tinha sob o seu comando. Na base do desespero, ele chantageia a jovem Mi-jin, a última de suas garotas, para que ela vá trabalhar, mesmo febril e doente. Com uma filha pequena para criar, Mi-jin é obrigada aceitar a pressão do patrão, sem saber que com isso está caindo diretamente nas mãos de um violento serial-killer.Flertando com o cinema norte-americano, “O Caçador” reúne vários elementos iconográficos que são verdadeiros padrões (clichês?) da cinematografia ianque. Entre eles, o serial killer mentalmente perturbado por um problema sexual, a descoberta sempre bombástica do esconderijo do assassino (recheado, é claro, de pistas que auxiliarão as investigações), o policial decadente que vê no caso uma possibilidade de redenção, a autoridade obstinada pela mídia, a ineficiência da polícia. Formalmente, o filme também bebe na estética norte-americana, tanto em ritmo como em direção e na estrutura básica do roteiro.Porém, seguindo a trilha aberta por seus antecessores sul coreanos, “O Caçador” vai além. É mais elaborado, mais profundo, mais criativo e também mais violento que suas fontes de inspiração vindas da América. E faz menos concessões comerciais, principalmente nos destinos que dá aos seus personagens. Conscientemente ou não, é clara a intenção de atingir o mercado internacional, o que não chega a ser um problema, já que os esforços para suplantar - na forma e no conteúdo - o padrão convencional dos filmes do gênero são visíveis e eficazes.Desta forma, “O Caçador” propõe em fascinante meio termo asiático, nem tão esquemático e previsível como um filme comercial norte-americano, nem tão hermético como uma produção artística europeia.
Celso Sabadin/100% Vídeo
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