terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Ultimo Mestre Do Ar


Elenco: Noah Ringer, Nicole Peltz, Jackson Rathbone, Dev Patel, Aasif Mandvi, Shaun Toub, Cliff Curtis.
Direção: M. Night Shyamalan
Gênero: Aventura
Duração: --- min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Estreia: 23 de Julho de 2010
Sinopse: Há muito tempo atrás, o mundo era dividido em quatro grupos: Nação do Fogo, Tribo da Água, Reino da Terra e Nômades do Ar. Essas nações viviam em perfeito equilíbrio, até o dia em que a Nação do Fogo atacou. O Avatar, mestre dos quatro elementos, é o responsável por manter o equilíbrio do mundo e quando o mundo mais precisou, ele desapareceu. Cem anos após esse acontecimento, dois jovens da tribo da água do sul encontram o avatar, um habilidoso dominador de ar chamado Aang.
Curiosidades:
» Trata-se da adaptação cinematográfica do desenho 'Avatar: A Lenda de Aang' (Avatar: The Last Airbender), que Shyamalan trabalha há dois anos para tirar do papel.

Toy Story 3


Get Him To The Greek


Get Him To The Greek [EUA, 2010], de Nicholas Stoller (Universal). Gênero: comédia. Elenco: Jonah Hill, Russel Brand. Sinopse: Um funcionário de uma gravadora é contratado para acompanhar um astro do rock britânico fora de controle em um show no Greek Theater de Los Angeles. Estréia Nacional: 10/09/2010

Logorama


INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CURTA ANIMADO:
Logorama de Nicolas Schmerkin - EUA - 16 minutos

A Matter Of Loaf And Death


INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CURTA ANIMADO:
Wallace & Gromit: A Matter Of Loaf And Death de Nick Park - Inglaterra - 30 minutos (trailer)

The Lady and The Reaper


INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CURTA ANIMADO:
The Lady and The Reaper de Javier Recio Gracia - Espanha - 8 minutos

Granny O' Grimm's Sleeping Beauty


INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CURTA ANIMADO:
Granny O' Grimm's Sleeping Beauty de Nicky Phelan - Irlanda - 6 minutos

French Roast


INDICADOS AO OSCAR DE MELHOR CURTA ANIMADO:

French Roast de Fabrice Joubert - França - 8 minutos

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vocês, Os Vivos


A esquisitíssima obra-prima de Roy Andersson
Érico Borgo /Omelete
Com 57 vinhetas divididas ao longo de 94 minutos, o cineasta Roy Andersson deixa sua pegada no tapete vermelho da Sétima Arte. Seu longa Vocês, Os Vivos (You, The Living) é o tipo de filme que os cinéfilos querem ver. É filme que choca, que critica, mas que faz rir - e pensar. É o tipo de filme, também, que reanima as papilas gustativas da mente, amortecidas por tanta bobagem. Depois de Andersson, que sustenta suas excentricidades fílmicas com dinheiro de direção de comerciais, estou pronto para encarar mais uma centena de filmes ruins sem risco de emburrecer.
O cineasta não é suiço, é sueco, mas seu filminhos passam pela tela com precisão de relojoeiro. São em sua maioria planos-seqüência (sem cortes) com monólogos ou diálogos absurdos, muitas vezes embaraçosos. Tudo perfeitamente coordenado e enquadrado com uma câmera fixa, quase sempre a partir de um plano levemente elevado. Os cálculos de Andersson nos forçam a olhar o quadro inteiro - não é só no primeiro plano que acontece a ação, e por trás de toda porta ou toda janela há uma banalidade a ser notada. É como se o diretor fosse uma espécie de deus, afastado, observando seus "vivos", que eventualmente dirigem-se a ele em ambientes desbotados onde a graça (do filme) surge da absoluta falta de graça (do espaço).
Todos os personagens dessas cenas curtas são caricatos e a maquiagem exagerada, pálida, ajuda a dar esse efeito. Eles trafegam pelo mundo com insegurança, feito mortos-vivos, e se escondem pelos cantos como fantasmas. Sempre em busca de seus objetivos e incapazes de virar a cabeça. Ninguém entende ninguém, afinal, como uma senhora gorda punk faz questão de gritar para o namorado (e todo o bar) ouvir. Essa frase, aliás, dá o tom de todo o filme... Coitado do sujeito que tentava, totalmente deslocado, animar uma festinha. Seu truque de salão acabou por colocá-lo na cadeira elétrica. É que "as louças tinham mais de 200 anos"... como ele iria saber? E como os donos da louça saberiam das melhores intenções do sujeito? E que diabos são aquelas referências à Segunda Guerra?
Cada pequena cena se sustenta sozinha, mas aos poucos algumas historinhas começam a surgir. Não que elas sejam necessárias - o que importa aqui é o que o diretor denomina como o "trivialismo", pequenas ocorrências que pontuam a tragicomédia humana.
A ausência de sentido de Vocês, Os Vivos faz todo o sentido aqui.

Beijo Na Boca, Não!



Comédia musical de 2003 de Alain Resnais enfim estréia no Brasil
Marcelo Hessel /Omelete
O cineasta francês Alain Resnais (Medos Privados em Lugares Públicos) não filmava há seis anos, quando lançou Pas sur la Bouche em 2003. Apesar do hiato, há uma relação direta com seu filme anterior, Amores Parisienses (1997), que por sua vez se liga a La Vie est un Roman, de 1983. São as comédias musicais de Resnais, em que os personagens dialogam com o espectador e, via metalinguagem, o cineasta presta homenagem ao gênero.
Pas sur la Bouche finalmente estréia no Brasil, com o título Beijo na boca, não!. A história se inspira em uma opereta de 1925 escrita por André Barde e Maurice Yvain, e a metalinguagem fica evidente já no começo, quando o empregado da mansão parisiense dos Valandray, Faradel (Daniel Prévost), consegue se livrar de três belas jovens, biconas que estavam comendo todo o chá da tarde - depois da primeira canção do filme, em que as convence a pegar uma liquidação nas Galerias Lafayette, ele vira para a câmera e solta: "Pronto, conseguimos nos livrar do coro".
E começa a trama, com ecos das comédias de costume shakespeareanas e das screwball comedies de Hollywood. O casal Gilberte (Sabine Azéma) e Georges Valandray (Pierre Arditi) está para receber um rico empresário estadunidense, mas Georges mal suspeita que o gringo, Eric Thomson (Lambert Wilson), foi o primeiro marido de sua esposa. Enquanto Gilberte se desespera com a iminência do encontro, outros casais se desencontram no vaivém da mansão, entre flertes e números musicais.
Não se trata de um musical clássico, com coreografias produzidíssimas. Tirando uma música coletiva que envolve um bailado de espelhos e colunas, o filme de Resnais é mais uma cantoria encenada com atenção a gestuais, movimentos de câmera e cortes sofisticados. O grande chamariz, porém, são as cores. Desde os filtros de lente até a decoracão kitsch, passando pelo brilho de jóias e porcelanas, tudo remete aos grandes musicais em cores dos anos 40 da MGM - e na cena em que os personagens entram na vila é impossível não atentar para os tons no cenário típicos do Technicolor.
A certa altura, o personagem metido a artista de vanguarda mostra aos convidados da mansão seu número de "arte total" - exposição misturada com música. Resnais tira sarro dessas megalomanias sensoriais. Diretor de clássicos inovadores da linguagem como Hiroshima, Meu Amor e Ano Passado em Marienbad, o francês hoje se permite fazer filmes despretensiosos com seus atores mais próximos, como Pierre Arditi e Sabine Azéma. Ícone de uma geração cinefílica e crítica que soube valorizar os filmes hollywoodianos mais comerciais dos anos 40 e 50, hoje celebra os filmes daquela época à sua moda - e particularmente dá a Lambert Wilson um personagem de sotaque inglês impagável.
O mais importante é que Resnais não descuida da encenação: ângulos e planos são escolhidos com rigor, mas sem exibicionismo. Beijo na boca, não! prescinde do supérfluo e agrada justamente porque sabe muito bem onde quer chegar.

O Equilibrista


Documentário ganha espectador pelo que tem de construção romantizada e estrutura ficcional
09/04/2009Marcelo Hessel
O documentário O Equilibrista refaz a maior aventura da vida de Philippe Petit - o dia em que o francês andou por 45 minutos da Torre Sul à Torre Norte do World Trade Center sobre um cabo de aço - por meio de filmagens de arquivo, entrevistas recentes e reconstituições dramatizadas. É uma mera fotografia, porém, o momento mais assombroso do filme.
Na foto, tirada do nível da rua, vemos lá no alto o pequeno Petit se equilibrando no nada, para a direita, ao mesmo tempo em que um avião cruza o enquadramento no sentido oposto, para a esquerda. Em momento algum do documentário de James Marsh são mencionados literalmente os ataques aéreos às Torres Gêmeas. Mas quando o avião aparece em cena, um avião qualquer em 7 de agosto de 1974, o choque instantâneo nos traz a 11 de setembro de 2001.
São de embasbacar não só o talento, a vaidade e a teimosia de Philippe Petit, mas O Equilibrista não teria o mesmo valor - não teria ganho Sundance, o BAFTA, o Oscar - se não fosse a sombra das torres ausentes.
O inglês Marsh tem total consciência do imaginário que está manejando, tanto que busca gravações da construções do WTC em 1968. Vemos sendo levantadas as armações de ferro que tão fácil desabaram há oito anos; ao fundo, "Fish Beach", a música orquestrada de Michael Nyman, lembra aqueles temas "rumo ao progresso" de propragandas governamentais.
Um entrevistado diz que é como se as Torres tivessem sido erguidas para Petit. Pela forma como o filme romantiza o equilibrista francês, a declaração não parece longe da verdade. Não é o tipo de documentário, enfim, que se presta a imparcialidades. Ao final não fica claro como amores terminam, como amizades se desmancham, não ficamos sabendo sequer o que Philippe Petit achou dos atentados. O foco principal é edificar um mito.
O Equilibrista é um documentário menor por se furtar a fazer as perguntas incômodas? Não necessariamente, mesmo porque não é a investigação que interessa a Marsh. A genialidade do seu trabalho está justamente em trabalhar bem com elementos da chave oposta à do "bom" documentário: a manipulação dos fatos e a reencenação da história para mitificar ainda mais a jornada do herói. O Equilibrista é irresistível, emocionante, cativante - adjetivos normalmente associados a filmes de ficção - porque é mesmo a ficção que o longa procura.
O que nos leva de volta aos atentados.
Para empalidecer a barbárie fatalmente sortuda dos fundamentalistas, o WTC lembra que teve um dia um herói tipicamente ocidental: self-made man, perseverante, que brinca com a morte mas a domina, que desafia a lei, que perdoamos quando trai a mulher, que tem amigos confiáveis mas cientes de suas posições de coadjuvantes. O estilo da narrativa, meio filme de assalto, também é tipicamente ocidental. O arco dramático, com perigos crescentes, e o momento de superação, com uma quase desistência às raias da conquista final, são tipicamente ocidentais - como o são vários dos personagens, do maconheiro que arrega na hora H ao milionário que põe em risco seu nome para bancar a aventura.
É do mito Petit e é desses arquétipos tão próximos a nós que O Equilibrista se faz. Nessa hora, pouco importa se correspondem à realidade. O que importa é o que a história nos conta: que "o bem venceu", por 45 minutos, em 1974.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ervas Daninhas


Aos 87 anos, Alain Resnais prova que iconoclastia não tem idade
Marcelo Hessel/Omelete
Iconoclastia não tem idade. Aos 87 anos, Alain Resnais comete em seus filmes infrações contra a burocracia instituída do roteirismo que muitos estreantes não teriam coragem de cogitar. Em Ervas Daninhas (Les Herbes Folles) ele não vai tão longe na desconstrução como foi, por exemplo, em Ano Passado em Marienbad, para ficar na cinematografia mais consagrada do mestre francês, mas ainda assim é sempre muito bom partilhar de suas provocações.
Aqui, a trama começa e a câmera do diretor de fotografia Eric Gautier passeia de plano-detalhe em plano-detalhe. A especialidade de Gautier, capturar momentos com seu zoom veloz e exato, é plenamente aproveitada em Ervas Daninhas. Por alguns minutos sequer enxergamos o rosto dos dois protagonistas: Marguerite (Sabine Azéma), uma senhora dentista, solteira, de selvagens cabelos vermelhos, que acaba de ter sua bolsa furtada, e Georges (André Dussollier), o homem de idade, pai de dois filhos, de boca cerrada e dentes pequenos, que encontra e devolve os documentos da mulher.
Resnais começa a jogar com as expectativas dos romances parisienses, com seus neuróticos enamorados à primeira vista, quando Georges é impelido a perseguir Marguerite depois de ter devolvido-lhe os documentos. Ele é rechaçado. Depois recua. E finalmente passa a ser procurado por ela, que mudou de ideia quanto à atração que sente pelo misterioso Georges. Relações de causalidade à parte, ou mesmo qualquer racionalidade à parte, Ervas Daninhas é tocado adiante na base desses impulsos.
Em uma cena, a mulher de vermelho fica de tocaia esperando Georges sair do cinema - onde ele fora, obviamente, dada a famosa cinefilia da geração de Resnais, assistir a um filme antigo hollywoodiano de gênero. Marguerite pega ele na saída e Georges reage na lata: "Quer dizer que você me ama, então?". Essa facilidade com que "todos dizem eu te amo" vira, nas mãos de Resnais, material para comédia afiada sobre a imagem que na França se faz das paixões.
A certeza de que Ervas Daninhas trabalha com um esperto simulacro - uma cópia do mundo criado no imaginário das histórias de amor francesas - reside nas escolhas de câmera (planos ironicamente cafonas de grua, panorâmicas...) e na aberrante paleta de cores do filme. É como um Pedro Almodóvar por Resnais: o já citado cabelo vermelho, carros amarelos, neon por todo lado, meias-luzes a torto e a direito, película com esfumaçados meio Technicolor que lembram outro filme recente do diretor, Beijo na Boca, Não!.
Nesta sua época da maturidade, Alain Resnais parece cada vez mais interessado em revisitar, de forma crítica ou simplesmente cômica, as regras que regem gêneros diversos. Ervas Daninhas tem música de suspense, clima neo-noir, humor nonsense, drama familiar, cartela falsa de "The End" antes do fim, até a vinheta clássica dos filmes da 20th Century Fox (que não tem nada a ver com a produção do longa). Ao mesmo tempo em que domina formalmente o ofício, o cineasta experimenta como um enfant terrible.

Aquele Querido Mês de Agosto



Longa português mistura documentário e drama para contar sua história
Marcelo Hessel/Omelete
Se a historinha de bastidor que o diretor Miguel Gomes conta é real mesmo, não importa muito - aos poucos descobrimos que "história real" é um conceito um tanto volúvel em Aquele Querido Mês de Agosto (2008), filme português que coloca, com muito bom humor, ficção, documentário e a arte da representação como um todo em curto-circuito.
A historinha é a seguinte: a equipe de filmagem de Gomes (vivido no filme por ele mesmo) se instala no interior do país para filmar a história de Tânia, adolescente que, depois do sumiço da mãe, vive uma relação intensa com o pai, relação essa que termina afetada quando Tânia se interessa por seu primo. Enquanto Gomes aguarda o dinheiro dos produtores (já está tudo montado na locação, mas não há sequer elenco escalado), ele decide botar a câmera para funcionar e registrar o que aparecer pela frente.
A metalinguagem está presente desde os créditos iniciais, que não saem como o diretor queria. A partir daí acompanhamos a equipe por gravações documentais e entrevistas com moradores da região em Aldeia de Benfeita, Pardieiros, no Rio Alva, em Coja, Anseriz, Pisão, Luadas, Vinhó... Agosto é a época dos festejos locais, com muito karaokê, comida, fogos-de-artifício. Vez ou outra aparece em cena aquele microfone de som direto, o boom, que os portugueses chamam de coelho, por ser fofinho.
A equipe assume que está ligando a câmera e pegando o que vê, mas a disposição desse material desde o início é sofisticada (ainda que os planos sejam quase todos estáticos e os cortes, raros), particularmente com o som de uma cena invadindo a outra - essa questão do som ainda vai render uma piada impagável no fim do filme. O caso é que a grande jogada de Aquele Querido Mês de Agosto é mostrar que há muito de ficcional na forma como essa "vida real" se apresenta e na forma como ela é ordenada no filme.
Em uma cena, por exemplo, o diretor Gomes filma jovens fazendo de conta, com sombras, diante dos faróis de um carro, que estão caçando um javali. Esse javali morto de mentirinha aparece minutos depois, morto de verdade, pronto a ser limpo para o jantar. Há uma ficção sendo feita ali com material documentado, portanto. Antes disso, o próprio material que Gomes colhe já vem impregnado de ficção. Como na história de Paulo, um sujeito ruim da cabeça que dá um salto mortal da ponte do Alva todo Carnaval. Para cada pessoa que conta a história de Paulo, ouvimos uma versão diferente. "Eu não vi, foi o que me disseram", diz um entrevistado.
Outro momento emblemático: quando o gringo da machadinha, no dia do seu aniversário, dá uma entrevista à equipe acompanhado de uma intérprete lisboeta, mas, ao invés de traduzir, ela refaz o depoimento do gringo com suas próprias opiniões. E aí ouvem-se os ecos do velho mantra semiótico de McLuhan, o meio é a mensagem. Seria muito difícil fazer um filme como Aquele Querido Mês de Agosto em outro lugar, porque é a tradição de história oral do interior de Portugal que o fundamenta.
Já seria um grande filme sobre a representação da realidade (e sobre o mito do gênero documentário de que é possível ver o mundo imparcialmente, sem os filtros do observador), um Gente da Sicília lusitano, não fosse a virada. De repente, sem qualquer mudança no estilo, começamos a assistir à encenação prevista lá no começo, a história de Tânia. O cineasta acabou pegando moradores do lugar para viver os personagens, pois, como havia dito antes para um produtor, ele "quer pessoas, não atores".
E se a primeira metade do filme era um documentário com toques de ficção, a segunda se mostra uma ficção com toques de documentário - antes de mais nada, porque já conhecemos a história anterior daquele cenário, como quando Tânia e seu primo passeiam sobre a ponte (a mesma ponte de onde Paulo pula todo Carnaval). E há temas tocados pela ficção que fazem parte daquela comunidade de fato, como o patriarcado arraigado. O resultado da inversão de representações é genial. Fica difícil saber até que ponto são mera encenação cenas como a do incêncio ou das procissões.
E o mais interessante é que Gomes não se desvia desse choque em momento algum. Nos últimos instantes de Aquele Querido Mês de Agosto, quando filma uma árvore num parque, ele faz questão de enfocar a plaquinha que explica-lhe a espécie. Por que, veja bem, estamos no cinema, terra da ilusão, então é prudente mostrar a plaquinha para que o espectador não fique pensando que aquela árvore é de mentira.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Palavra (En)cantada


Palavra (En)cantada, documentário dirigido por Helena Solberg, discute a relação entre música e poesia no Brasil
Depoimentos surpreendentes e belo repertório - O roteiro do Palavra (En)cantada tem sua narrativa construída na costura de depoimentos, performances musicais e bela trilha sonora. A abertura do filme é surpreendente, com Adriana Calcanhotto cantando, em franco-provençal, versos de Arnaut Daniel, poeta provençal do século XII, considerado um dos maiores da história, um artesão da integração entre palavra e som.
A partir da idéia sugerida por Lenine, de que os compositores brasileiros são descendentes diretos do trovador, o filme lança olhar sob diversos aspectos da formação cultural brasileira. Dos intérpretes que declamam poesia nos palcos aos cantadores nordestinos que improvisam diversos gêneros na viola, passando pelo Rap que, segundo o rapper Ferréz, "é uma mera continuação do cordel", Palavra (En)cantada é uma reflexão sobre a tradição oral e a diversidade cultural brasileira, resultado do cruzamento entre as culturas erudita e popular.
'Criou-se no Brasil uma situação que não existe em nenhum outro país: uma canção popular fortíssima, que ganhou uma capacidade de falar e cantar para auditórios imensos, e levar para esses auditórios poesia de densa qualidade, com a leveza que a canção tem', observa no filme o músico e professor de literatura da USP, José Miguel Wisnik.
Poetas-letristas, autores de livros que tornaram-se compositores, poetas que tentam usar a música para ganhar mais dinheiro, poetas do morro, tudo isso é assunto do Palavra (En)cantada . O filme é costurado por passagens instigantes, como a declarada rejeição de Chico Buarque ao título de poeta, e emocionantes, como as imagens captadas de Hilda Hilst pouco antes da sua morte, reclamando que os poetas não são valorizados no Brasil e contando que, para ganhar mais dinheiro, pediu para Zeca
Baleiro musicar seus poemas.
Filme é rico em imagens raras - Palavra (En)cantada apresentará imagens inéditas no Brasil, como a encenação de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, no Festival de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1966. Merecem destaque também imagens raras, que foram restauradas pela produção do filme, de Dorival Caymmi, nos anos 40, cantando e tocando O Mar ao violão. A canção, feita em Itapuã em 1937, foi escolhida pelo próprio compositor como a mais representativa do conjunto de sua obra.
O documentário também resgata um depoimento histórico de Caetano Veloso no Festival da Record, em 1967, logo após cantar Alegria, Alegria. Nele, Caetano fala de sua inspiração ao compor a música e ressalta a liberdade no uso da guitarra na música brasileira: “No Rio de Janeiro, disseram “Caetano vai usar guitarra numa música, quando chegar na Bahia vai tomar uma surra de berimbau”. O que eles não sabiam é que os baianos estão além!”.
Ponto de partida - A idéia do projeto surgiu há mais de três anos. No começo de 2005, Marcio Debellian, autor do argumento do filme, apresentou um projeto à Bienal do Livro para realizar pocket-shows de música e poesia durante o evento. O objetivo era mergulhar no universo particular de grandes compositores brasileiros, seus livros e autores preferidos, e como a relação de cada um com a poesia / literatura influenciava o seu processo criativo. O conceito do projeto era trazer música, leitura de poesia e bate-papo para espetáculos pequenos, de atmosfera intimista. Mas acabou crescendo e se transformando em um longa-metragem.
“O mergulho nesta pesquisa trouxe à tona assuntos que iam além do impulso criador de nossos artistas, e que falavam de aspectos significativos da formação cultural brasileira. Achei que o assunto merecia ser documentado”, diz Marcio. Ao final de 2005, Marcio Debellian e a Radiante Filmes, produtora de Helena Solberg e David Meyer, celebraram um acordo para a produção do filme. Um ano depois, haviam viabilizado os recursos para início das filmagens.

Inutil



Horas de Verão


Novo filme do francês Olivier Assayas se apóia no talento do diretor de fotografia Eric Gautier
Marcelo Hessel/Omelete
Alguns críticos consideram o diretor de fotografia Eric Gautier o melhor operador de câmera em atividade no cinema mundial. Alguns cineastas também, tanto que o francês de 47 anos trabalhou recentemente em três longas fora do circuito europeu: Diários de Motocicleta, Santos e Demônios e Na Natureza Selvagem. E atualmente roda Taking Woodstock com Ang Lee.
São os trabalhos recentes de Gautier com os cineastas Patrice Chéreau (Irmãos), Arnaud Desplechin (Reis e Rainha) e Olivier Assayas (Demonlover, Clean), porém, que melhor sintetizam seu talento. São filmes em que não há uma marcação de cena muito rigorosa, então o câmera precisa acompanhar a imprevisibilidade dos atores e também captar gestos e minúcias - ao mesmo tempo em que faz esse esforço parecer fácil, natural.
Gautier é mestre nisso, como fica evidente em Horas de Verão (L'Heure d'eté, 2008).
O filme escrito e dirigido por Assayas se passa ao longo de meses, mas trata de um período muito bem definido: um verão afetivo, das memórias de uma família que se reúne para passar férias em sua casa de campo. A casa em si, a 50 minutos de Paris, é um recanto de memórias: ali viveu um pintor cuja sobrinha-neta, Hélène (Edith Scob), agora está fazendo 75 anos de idade e preparando-se para deixar seu legado.
A questão é que dos três filhos de Hélène apenas o mais velho, Frédéric (Charles Berling), vive na França. Adrienne (Juliette Binoche) é artista nos EUA e Jérémie (Jérémie Renier) tem negócios em Pequim. Frédéric se indispõe quando a mãe lhe faz um breve testamento no dia do aniversário dela, mas o fato é que o futuro está logo aí. E a casa de campo é território do passado. Como preservar lembranças hereditárias, conciliá-las com o novo? É o que Assayas questiona nesse belo conto sobre o tempo.
O papel de Eric Gautier nesse passeio é inestimável. É como se fosse nosso guia turístico pela museologia da família. Em planos de média e longa duração, ele passa pelos corredores da casa de campo, registra móveis, pinturas, cerâmicas, filhos, netos, cunhadas. Seus movimentos são sutis. Os enquadramentos, com interações entre atores no primeiro e no segundo plano (e raramente lado a lado), investem nessa profundidade de campo para pegar as trocas de olhares com movimentos econômicos.
Há no roteiro alguns simplismos - como o momento na delegacia, para evidenciar o choque de gerações - mas o tom geral é dado não por essa idéia de choque, e sim por uma idéia, digamos, de transição tranquila. Essa percepção de que a imagem precisa ser retida com calma (daí o cuidado com movimentos desnecessários) está no centro da parceria de Gautier e Assayas.
Uma parceria que não é exibicionista, mas a serviço da história que se conta. O plano-sequência que fecha o filme, por exemplo, em que Gautier se aproxima do muro com a câmera na mão e em seguida sobe na grua para a panorâmica, é de dificílima execução, mas na tela parece a coisa mais simples do mundo.

Garapa



Em seu primeiro filme depois de Tropa de Elite, José Padilha documenta a fome no Nordeste
Marcelo Hessel /Omelete
Conhecido por sua luta contra a fome no sertão nordestino, o médico e professor Josué de Castro assine a epígrafe do documentário Garapa, o primeiro filme de José Padilha (Ônibus 174) depois de Tropa de Elite. Diz o médico que no Brasil é possível morrer de fome de dois jeitos: não comer nada ou comer mal e sofrer aos poucos com carências nutricionais.
As famílias de Fortaleza e do interior do Ceará, nos arredores de Choró, cujas rotinas Padilha documenta em seu filme, se encaixam no segundo caso. Muitas vezes, sua dieta se restringe à bebida do título, o melado fervido, já que um saco de açúcar é o que compensa comprar, segundo um entrevistado, depois de um dia de trabalho rural ocasional na região.
Sem rodeio, a câmera operada por Marcela Bourseau nos apresenta a esse drama a partir do ponto mais crítico: os corpos das crianças. Nus, magros mas barrigudos, andam de um lado para o outro e rolam no chão enquanto a equipe os filma, às vezes, dos pés à cabeça em um plano só, como se os medisse. Os pais visivelmente tentam ordenar a casa para "receber a visita" (e sentam os filhos no chão sobre camisetas para almoçar), mas não demora a vermos que a insalubridade é um dos fatores da miséria por ali.
Fatores não faltam, ademais. O alcoolismo, o descontrole de natalidade e o desemprego vão se amontoando entre dilemas que Padilha levanta seja pela imagem (ao contrapor dois homens de famílias diferentes em situação similar, um sóbrio e outro bêbado, por exemplo), seja pela palavra mesmo, questionando as mães sobre planos de maternidade. É problema demais para um filme só, e isso cria uma sensação de fatalismo cada vez maior, mas para falar da fome Garapa não tem mesmo como fugir desses fatores todos.
Se o teor temático é mais ou menos esperado, o que deve chamar mais atenção - e provocar discussões - em Garapa é a opção pela "estética Sebastião Salgado" de fotografar a pobreza em claro-escuro. Há momentos de evidente procura por uma poesia visual, como a chuva que cai sobre o varal de roupa construído com arame farpado, ou o achado que é uma menina loira de vestido todo branco contrastando com o pai desdentado que trança as pernas e "estraga" o enquadramento.
Seja na escolha dos filtros de luz, dos quadros ou - antes de mais nada - daquilo que vai filmar, Garapa parece o tempo todo estar fazendo algum julgamento daquilo que vê, ainda que a proposta seja observar a realidade como ela se mostra. Qual a finalidade, por exemplo, de filmar uma mulher esticando suas roupas sobre ripas de madeira? Essa imagem adiciona algo à discussão da fome ou foi registrada pelo apelo da sua precariedade?
José Padilha já teve que encarar questão semelhante em Tropa de Elite: afinal, está ali tomando uma posição ideológica ou tentando abrir uma situação intrinsecamente política a discussão? Se levarmos em consideração duas sequências no fim do filme, em que os cortes aceleram e associam grossamente, por exemplo, o cuspe de um homem no chão com a água que sua esposa bebe, Garapa pende um tanto para a tomada de posição.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Plastic City


Elenco: Anthony Wong Chau-Sang, Jô Odagiri, Jeff Chen, Milhem Cortaz, Tainá Müller.
Direção: Yu Likwai
Gênero: Drama
Duração: 118 min.
Distribuidora: Paris Filmes
Estreia: 22 de Janeiro de 2010
Sinopse: Ambientado no tradicional bairro da Liberdade no centro de São Paulo, Plastic City tem como protagonista a imensa comunidade oriental que se estabeleceu na cidade ao longo dos anos, buscando uma terra de oportunidades e um lugar para novos negócios - legais ou ilegais. É em meio a tradições culturais chinesas e ao caos da vida urbana que o imigrante Yuda e seu filho Kirin comandam a máfia da pirataria no Brasil, porém este império entra em decadência ao ser ameaçado por uma poderosa organização com fortes influências internacionais.

Chéri


A beleza pode fazer muito por uma mulher, porém, mais cedo ou mais tarde, vai cobrar seu preço. Aproveitar os belos traços da juventude é uma dádiva, mas envelhecer faz parte, e com as rugas vem uma infinidade de sentimentos até então inexplorados. O amor entre uma belíssima mulher madura e um rapaz mais jovem, que se tornou um clichê cinematográfico, ganha os contornos sombrios da velhice que atinge em cheio esta mulher. E não é qualquer mulher, é aquela que foi - e ainda é - uma das maiores referências de belezas hollywoodianas: Michelle Pfeiffer.
Cabe a atriz, hoje com 51 anos, dar vida à personagem principal de Chéri, o drama de Stephen Frears - que dirigiu Michelle no ótimo Ligações Perigosas - baseado no livro da renomada escritora francesa Colette, que chega às telas em 22 de janeiro.
Situado na exuberante Paris antes da Primeira Guerra Mundial, Chéri conta a história da relação amorosa entre a linda cortesã aposentada Léa (Michelle Pfeiffer) e Fred, apelidado de Chéri (Rupert Friend), filho de sua antiga companheira de profissão e rival, Madame Peloux (Kathy Bates).
Léa educa o imaturo e mimado garoto nas artes do amor, mas depois de seis anos Madame Peloux planeja secretamente um casamento entre Chéri e Edmée (Felicity Jones), filha de outra rica cortesã, Marie Laure (Iben Hjejle).
Léa parece aceitar tudo mas sileciosamente percebe que, se a idade fez com que ela fosse fundamental para o amadurecimento sentimental de Chéri, são os sinais da velhice que tiraram dela toda e qualquer chance de viver um grande amor.
Ao perceber que por sua cama, enquanto jovem, tantos homens passaram, e agora na velhice ela está só, Léa se confronta com algo que o espelho não pode revelar: mais do que passar o tempo com Chéri, ela o amou de verdade, e isso ninguém poderá mudar. Enquanto isso, o rapaz tenta se acostumar com a idéia de que pode se casar e viver à sombra do sentimento avassalador por Léa.
O grande trunfo do filme está em Michelle Pfeiffer, linda, loira e com a dignidade mantida em rugas que mostram o passar dos anos, mas que a mantém única na tela. Sua beleza perturbadora ajuda a conduzir os caminhos da cortesã Léa, uma mulher que viveu apoiada no belo e que já não tem mais nada em que se apoiar, a não ser sua experiência de vida. Michelle empresta o rosto que Léa merece ter, a beleza amarga pelo passar dos anos, mas mantida apesar do avanço da idade.
Como sempre, Frears se preocupa com cada detalhe do filme: fotografia, direção de arte, trilha sonora e toda parte técnica são um luxo. Vale ressaltar ainda a participação da sempre talentosa Kathy Bates como a mãe de Chéri.
Para as mulheres, Chéri soa como um tapa sem luva de pelica, uma forma de mostrar que o tempo passa e o amor vai com ele, sem dó nem piedade. Seria mais fácil se a gente não se importasse com as rugas que ganhamos com os anos, e nos preocupássemos apenas com o amor que sentimos por alguém.
Aliás, amar não deveria ser complicado, mas como o filme enfoca muito bem, a gente faz muita questão que seja.

Só Dez Por Cento é Mentira



Elenco: Manoel de Barros, Bianca Ramoneda, Joel Pizzini, Paulo Giannini, Adriana Falcão, Fausto Wolff, Abílio de Barros.
Direção: Pedro Cezar
Gênero: Documentário
Duração: 76 min.
Distribuidora: Downtown Filmes
Estreia: 29 de Janeiro de 2010
Sinopse: Só Dez Por Cento É Mentira trata da vida e da obra do poeta sulmatogrossense Manoel de Barros, autor consagrado com mais de 20 livros publicados e best-seller do gênero poesia.

O Lobisomen




Elenco: Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt, Hugo Weaving, Elizabeth Croft, Sam Hazeldine, David Sterne.
Direção: Joe Johnston
Gênero: Terror
Duração: --- min.
Distribuidora: Paramount Pictures
Estreia: 12 de Fevereiro de 2010
Sinopse: Assim como no clássico original de 1941, estrelado por Lon Chaney Jr., esta refilmagem também é ambientada na Inglaterra Vitoriana. Na história, Del Toro faz o papel de Lawrence Talbot, um homem que retorna da América para sua terra ancestral e no caminho é mordido por um lobisomem. Talbot começa sua assustadora transformação sob a lua cheia.
Curiosidades:
» Benicio Del Toro ficou com o papel imortalizado por Lon Chaney no original. O roteirista de 'Seven - Sete Crimes Capitais', Andrew Kevin Walker, escreveu a refilmagem

Escritor Fantasma



Elenco: Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Cattrall, Olivia Williams, Timothy Hutton
Tom Wilkinson, Eli Wallach, James Belushi, Jon Bernthal, Robert Pugh.
Direção: Roman Polanski
Gênero: Suspense
Duração: --- min.
Distribuidora: Europa Filmes
Estreia: 20 de Agosto de 2010
Sinopse: O filme é baseado na obra de Robert Harris, e mostra um homem que escreve livros sem assinar o próprio nome, e é contratado para completar as memórias do primeiro ministro da Inglaterra anterior. Ele descobre segredos que colocam sua própria vida em perigo.
Brosnan vai interpretar o ex-primeiro ministro britânico, Adam Lang, enquanto McGregor será o escritor fantasma e Cattrall vai interpretar a esposa do ex-primeiro ministro.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

The Secret Of Kells



Há 800 anos A.C foi confeccionado um livro fantástico, ricamente ornamentado e ilustrado, seu nome: O Livro de Kells. Precisamente um manuscrito produzido por monges celtas, sendo descrito como a perfeição da caligrafia e iluminismo. Em seu conteúdo constam os quatro evangelhos da Bíblia, com muitos desenhos artísticos e coloridos, uma obra de arte rebuscada e de uma beleza magnífica. Tal peça realmente existe e está em permanente exposição na biblioteca do Trinity College, em Dublin.
A trajetória que deu origem a produção desta obra inspirou o nascimento de um outro livro, do gênero infantil: Brendan and The Secret of Kells. E baseado nesta literatura é que foi idealizada esta belíssima animação em 2-D, abreviada para apenas The Secret of Kells. Filme que concorre este ano ao Oscar na categoria, obviamente, de melhor animação. Ao que parece, o fato de aumentarem a quantidade de indicados ao prêmio foi uma atitude realmente positiva, afinal, mesmo que não ganhe estar participando já confere um destaque merecido a este trabalho. O filme é uma produção em conjunto entre Irlanda, França e Bélgica. O diretor é o estreante Tomm Moore, que escreveu o roteiro junto com Nora Twomey.
Assim, em pelo século IX, somos apresentados a Brendan (voz infantil de Evan McGuire e adulto de Michael McGrath), um menino de 12 anos educado por seu tio, o rígido monge Abbot Cellach (Brendan Gleeson), que sonha em ver seu sobrinho o substituindo num futuro não muito distante. Eles vivem no mosteiro de Kells e tudo parecia estar em completa ordem até a chegada do Frei Aidan (Mick Lally), um mestre nas artes plásticas, que está incumbido de escrever um livro extraordinário, capaz de levar luz aos locais e mentes mais sombrias. Fascinado por tudo isso Brendan se torna amigo de Aidan, que lhe apresenta com entusiasmo a necessidade da fantasia e criatividade para a vida.
Envolvido por uma nova perspectiva a criança, muda seus rumos e se aventura a ajudar a completar o valioso livro. Nunca tendo saído dos domínios do mosteiro Brendan descobre no mundo exterior, a floresta, seus mistérios e belezas, conhecendo uma intrigante personagem, Aisiling, uma figura feminina que ora aparece na forma de uma encantadora menininha ou como uma loba branca. Não se sabe ao certo o que ela é, um espírito da floresta ou uma fada. Mas, o certo é que a sua presença sempre é forte e fascinante. A cena em que ela canta junto ao gatinho Pangur Ban é de uma delicadeza e magia incrível.
É importante destacar, que a veracidade e doçura inerente ao filme dentro dessa aura de pureza é reflexo de boas escolhas, um exemplo disso é o elenco de vozes, principalmente ao determinarem crianças para dublarem crianças, isso passa uma verdade muito forte na interpretação. Some isso a um visual, a princípio simples, pois em tempos de 3-D e CGI algo assim parece muito humilde, mas aí é que está, não é. A beleza visual do filme é intoxicante, principalmente quando aliado a delicadeza da narrativa que trabalha de forma ingênua temas bastante fortes, como: escolhas, controle, poder, cobiça e fé .
A arte desenvolvida no filme, seus traços e cores, são um show a parte, mostrando claramente a influência do verdadeiro livro que contém o mesmo estilo de ornamentos, sendo assim homenageado sutilmente na animação. Rebuscado e ao mesmo tempo clean, este equilíbrio se observa em cada frame e composição das cenas. Desde os momentos mais mágicos em que somos levados a floresta até a invasão dos vikings, representados por figuras monstruosas, sombras da escuridão carregando um olhar rubro e cheio de ganância.
Embora, tendo claras raízes no cristianismo, The Secret os Kells possui um quê de conto de fadas, uma magia inocente, conquistando o expectador por pequenos detalhes. O mais interessante da história é que, mesmo se tratando da bíblia, não há nenhuma citação direta sobre isso, pois o que importa aqui não é um conteúdo do livro e sim a jornada de seus personagens.
Existem vários pontos trabalhados de forma subentendida, deixando aberto a várias interpretações. Estabelecendo uma ligação de interatividade com o público. Ponto altíssimo para a trilha sonora. E, talvez o único lapso tenha sido o pulo do tempo que antecede o final da história, ocorrido de maneira brusca. Ainda que, não tenha comprometido o brilho desta jóia rara da animação. Mais que recomendado!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Oscar 2010

Melhor Filme
''Avatar''
"Um Sonho Possível''
"Distrito 9" - disponível para locação
"Educação"
"Guerra ao Terror" - disponível para locação
"Bastardos Inglórios"
"Preciosa"
"Um Homem Sério"
"Amor sem Escalas"
"Up - Altas Aventuras'' - disponível para locação

Melhor Diretor
Kathryn Bigelow ("Guerra ao Terror") - disponível para locação
James Cameron ("Avatar")
Jason Reitman ("Amor Sem Escalas")
Quentin Tarantino ("Bastardos Inglórios")
Lee Daniels ("Preciosa")

Melhor Ator
Jeff Bridges ("Coração Louco")
Morgan Freeman ("Invictus")
Jeremy Renner ("Guerra ao Terror") - disponível para locação
George Clooney ("Amor Sem Escalas")
Colin Firth ("Direito de Amar")

Melhor Atriz
Sandra Bullock ("Um Sonho Possível")
Meryl Streep ("Julie & Julia")
Carey Mulligan ("Educação")
Helen Mirren ("The Last Station")
Gaboury Sidibe ("Preciosa")

Melhor Ator Coadjuvante
Christoph Waltz ("Bastardos Inglórios")
Woody Harrelson ("O Mensageiro")
Matt Damon ("Invictus")
Stanley Tucci ("Um Olhar do Paraíso")
Christopher Plummer ("The Last Station")

Melhor Atriz Coadjuvante
Mo’Nique ("Preciosa")
Anna Kendrick ("Amor Sem Escalas")
Vera Farmiga ("Amor Sem Escalas")
Maggie Gyllenhaal ("Direito de Amar")
Penelope Cruz ("Nine")

Melhor Roteiro Original
Quentin Tarantino ("Bastardos Inglórios")
Mark Boal ("Guerra ao Terror") - disponível para locação
Joel e Ethan Coen ("Um Homem Sério")
Alessandro Camon e Oren Moveman (''O Mensageiro")
Bob Peterson e Pete Docter ("Up - Altas Aventuras") - disponível para locação

Melhor Roteiro Adaptado
Jason Reitman e Sheldon Turner ("Amor Sem Escalas")
Neill Blomkamp ("Distrito 9") - disponível para locação
Nick Hornby ("Educação")
Geoffrey Fletcher ("Preciosa")
Jesse Armstrong, Samon Blackwell, Armando Iannucci e Tony Roche ("In the Loop")

Melhor Direção de Arte
Avatar
O Imaginário do Dr. Parnassus
Nine
Sherlock Holmes
A Jovem Victoria

Melhor Fotografia
Avatar
Harry Potter e o Enigma do Príncipe - disponível para locação
Guerra ao Terror - disponível para locação
Bastardos Inglórios
A Fita Branca

Melhor Figurino
Brilho de Uma Nova Paixão
Coco Antes de Chanel
O Imaginário do Dr. Parnassus
Nine
A Jovem Victoria

Melhor Documentário
"Burma VJ"
"The Cove"
"Food, Inc."
"The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers"
"Which Way Home"

Melhor Edição
"Avatar"
"Distrito 9" - disponível para locação
"Guerra ao Terror" - disponível para locação
"Bastardos Inglórios"
"Preciosa"

Melhor Filme Estrangeiro
"Ajami" Israel
"O Segredo dos Seus Olhos" Argentina
"The Milk of Sorrow" Peru
"Um Profeta" France
"A Fita Branca" Germany

Melhor Maquiagem
"Il Divo"
"Star Trek" - disponível para locação
"A Jovem Victoria"

Melhor Trilha Original
"Avatar" James Horner
"O Fantástico Sr. Raposo" Alexandre Desplat
"Guerra ao Terror" Marco Beltrami and Buck Sanders - disponível para locação
"Sherlock Holmes" Hans Zimmer
"Up" Michael Giacchino - disponível para locação

Melhor Canção Original
"Almost There" de "A Princesa e o Sapo" by Randy Newman
"Down in New Orleans" de "A Princesa e o Sapo" by Randy Newman
"Loin de Paname" de "Paris 36" Reinhardt Wagner e Frank Thomas
"Take It All" de "Nine" by Maury Yeston
"The Weary Kind (Theme from Crazy Heart)" de "Coração Louco" by Ryan Bingham e T Bone Burnett

Melhor Som
"Avatar"
"Guerra ao Terror" - disponível para locação
"Bastardos Inglórios"
"Star Trek" - disponível para locação
"Up" - disponível para locação

Melhor Edição de Som
"Avatar"
"Guerra ao Terror" - disponível para locação
"Bastardos Inglórios"
"Star Trek" - disponível para locação
"Transformers: A Vingança dos Derrotados" - disponível para locação

Melhores Efeitos Visuais
Avatar
Distrito 9 - disponível para locação
Star Trek - disponível para locação

Melhor Documentário - Curta
China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province
The Last Campaign of Governor Booth Gardner
The Last Truck: Closing of a GM Plant
Music by Prudence
Rabbit à la Berlin

Melhor Curta Animado
French Roast
Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty
The Lady and the Reaper (La Dama y la Muerte)
Logorama
A Matter of Loaf and Death

Melhor Curta - Live-Action
The Door
Instead of Abracadabra
Kavi
Miracle Fish
The New Tenants