
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Gangster's Paradise: Jerusalema

Muilo elogiado pela crítica, "Gangster's Paradise: Jerusalema" é um filme sul-africano como Distrito 9, mas que trata mais a questão das gangues e criminalidade local. O longa foi dirigido pelo cultuado Ralph Ziman, que começou a carreira dirigindo video-clipes para o grupo Exposé ("Point Of No Return") e para a banda Faith No More ("Epic", "Falling To Pieces"). Depois ainda dirigiu dois ótimos trabalhos inéditos no Brasil: "Hearts & Minds" (96) e "The Zookeeper" (01).
Produzido em 2008, só agora "Gangster's Paradise" chega aos EUA. Sem previsão de lançamento no Brasil.
O Preço da Traição

David é um cinquentão inteligente, simpático e galanteador. Charmoso o suficiente para acender na sua esposa Catherine o terrível e devastador alerta do ciúme. Insegura em relação à fidelidade do marido, ela contrata os serviços da bela prostituta Chloe, que terá como missão testar a fidelidade de David.
Se você, literalmente, acha que já viu este filme antes, não estranhe. “Chloe” é refilmagem da produção francesa "Nathalie X", que Anne Fontaine co-escreveu e dirigiu em 2003. Nesta nova versão, saem Fanny Ardant, Gérard Depardieu e Emmanuell Béart, e entram, respectivamente, Julianne Moore, Liam Neeson e Amanda Seyfried (de "Mamma Mia" e "Garota Infernal).
Agora o roteiro é de Erin Cressida Wilson - também roteirista de "Secretária" (2002), mas os maiores méritos do filme não estão exatamente no roteiro, mas sim na direção sempre segura e elegante de Atom Egoyan.
Egípcio, de origem armênia, e radicado no Canadá, Egoyan é figurinha carimbada no circuito artístico, já tendo assinado os tristes e emocionantes "O Doce Amanhã" e "O Fio da Inocência", entre outros. "O Preço da Traição" é um trabalho mais palatável do cineasta, mais sintonizado com questões de mercado (mesmo porque os EUA estão entre os seus produtores, ao lado de França e Canadá), mas nem por isso de qualidade inferior.
Ainda que dentro de um registro estético bastante hollywoodiano - com locações suntuosas, iluminação majestosa, trilha sonora onipresente e direção de arte hiperbólica - “O Preço da Traição” consegue exibir a marca de Egoyan, onde prevalecem a reflexão, a introspecção, os poucos e elegantes movimentos de câmera, e principalmente a forma sem pressa de contar a história. Dirigido com dignidade, o filme prefere não se ater apenas à rasa questão da traição ou da não traição. Evitando o moralismo, ele vai além, e esmiúça com talento as dúvidas da protagonista, o medo do envelhecimento, a necessidade de ser aceita, e suas inseguranças humanas e sexuais, não apenas como esposa, mas também como amante e mãe. E com um detalhe: a personagem em questão é ginecologista, ou seja, teoricamente uma especialista nos corpos das mulheres. Mas que talvez necessite percorrer um longo caminho para entender a alma feminina, se é que ela é entendível. Ou seja, um personagem rico, verdadeiro arcabouço emocional sustentado com total eficiência por mais uma interpretação brilhante de Julianne Moore.
Ah, quando falarem sobre as cenas “polêmicas” de “O Preço da Traição”, não dê ouvidos: não há nada que já não tenha sido exibido na novela das oito. Os EUA ainda são o único país do mundo livre que se escandaliza com cenas de sexo suave bem dirigidas.
O detalhe triste do filme fica por conta de Liam Neeson, cuja esposa na vida real, Natasha Richardson, faleceu durante as filmagens. O cronograma da produção foi alterado para que Liam pudesse acompanhar o funeral e, mesmo assim, retornar ao set para os dois dias que lhe restavam para filmar.
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Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Num primeiro momento, a simples menção de que um filme é co-produzido por Suécia, Dinamarca, Alemanha e Noruega pode provocar no imaginário coletivo a ideia de que se trata de uma produção lenta, talvez fria, provavelmente arrastada. Se este for seu caso, pode deixar o preconceito de lado: “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” é um drama policial investigativo com mais sabor de cinema americano que propriamente de europeu.
Baseado no best seller homônimo de Stieg Larsson, o filme tem como personagem principal o jornalista investigativo Mikael, contratado pelo poderoso magnata Henrik para uma missão, no mínimo, curiosa: descobrir o paradeiro de sua sobrinha Harriet, desaparecida, talvez morta, em 1966. O milionário tem razões para acreditar que foi alguém de sua própria família - cruel e numerosa - o causador do desaparecimento da (então) garota. Caberá a Mikael descobrir quem, como e por quê. Pelo caminho, o jornalista passará a contar com a colaboração da estranha e violenta Lisbeth, uma bela garota também com segredos a esconder.
Como entretenimento, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” funciona. Há um certo clima de mistério sublinhado pelas gélidas e nebulosas paisagens suecas. Há um subtexto intrigante que remonta ao nazismo da Segunda Guerra, embora alguns momentos de violência sexual cheguem a perturbar.
Para apreciar melhor o filme, porém, é preciso fazer vistas grossas em alguns momentos, e baixar um pouquinho a bola do senso crítico: incomoda um pouco, por exemplo, a total facilidade com que os investigadores encontram registros policiais fartamente disponíveis (e em perfeito estado de conservação) de casos ocorridos há meio século. Mas são detalhes. Provavelmente os arquivos policiais suecos sejam bem mais organizados e limpos que os nossos. De uma maneira geral, são duas horas e meia que fluem com facilidade.
O roteiro bebe nos clichês do gênero policial sacramentado pelo cinema americano, com direito a uma dupla improvável de protagonistas/antagonistas que acabam se aproximando no final, quantidades industriais de informações disponíveis pela internet em rápidos segundos, e flash backs explicativos de comportamentos doentios. Há até uma rápida perseguição automobilística no final... mas bem rápida... São cânones que aproximam esta produção europeia dos desgastados padrões norte-americanos, com leves delizes aqui e ali, mas sem se render totalmente ao puramente convencional. Ou seja: um filme com pretensões comerciais, sim, mas sem perder a dignidade narrativa.
Curiosidade: o autor do livro, assim, como o personagem principal do filme, também é um jornalista dono de uma revista, processado por um empresário.
sábado, 1 de maio de 2010
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